Nos dias 1 e 2 de novembro de 2024, o Rio de Janeiro foi palco de um evento histórico para os sindicatos de músicos de todo o Brasil. Representantes de vários estados, junto à Federação Internacional dos Músicos (FIM), estiveram reunidos para debater e propor soluções para os desafios enfrentados pela categoria. O encontro foi promovido pelo SINDMUSI - RJ, com a presença de seu presidente, Teo Lima, e contou com a participação de lideranças sindicais e especialistas, tornando-se uma grande oportunidade para o fortalecimento da classe musical no país.  
Abertura e Contexto Sindical
O evento foi oficialmente aberto com as palavras de Benoît Machuel, Secretário Geral da FIM, e Téo Lima, presidente do SINDMUSI - RJ, destacando a importância de fortalecer a representatividade dos músicos no Brasil e no mundo. Logo após, iniciou-se a apresentação da situação sindical em diferentes regiões do Brasil, com ênfase na diversidade de contextos e desafios enfrentados por cada sindicato local. Participaram do painel:
  • Teo Lima - Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro - SINDMUSI - RJ
  • Antonio Viola - Sindicato dos Músicos de Minas Gerais
  • Amaudson Ximenes - Sindicato dos Músicos do Ceará
  • Jeronimo Duarte - Sindicato dos Músicos do Rio Grande do Norte
  • Adelmo Ribeiro - Sindicato dos Músicos de São Paulo
  • Hugo Pinheiro - Sindicato dos Músicos do Amazonas
  • Antonio Saraiva - Sindicato dos Músicos de Sergipe
  • Moka Batera - Sindicato dos Músicos de Goiás
Esse momento de troca de experiências fortaleceu o diálogo entre as lideranças e permitiu a identificação de práticas e estratégias sindicais eficazes, criando um ambiente de colaboração e suporte mútuo entre os sindicatos. O historiador e militante sindical Rafael Viana trouxe uma visão histórica e analítica sobre o sindicalismo no Brasil, contextualizando os desafios e conquistas dos trabalhadores ao longo dos anos. Sua palestra inicial destacou a importância da organização sindical na luta por direitos e condições dignas de trabalho, abordando as particularidades do setor musical e os obstáculos que os músicos enfrentam na busca por reconhecimento e valorização profissional.    
Desafios e Oportunidades na Indústria Musical
Um dos temas abordados foi a importância de sindicatos locais ativos e eficazes, discutido por John Acosta, coordenador regional da FIM, que apresentou o painel "Sons de Mudança" e destacou a necessidade de mobilização para fortalecer a categoria. Também foram discutidos os desafios que as plataformas de streaming apresentam para garantir uma remuneração justa aos artistas, abordados por Benoît Machuel. Eduardo Nascimento de Souza, representante do Ministério da Cultura no Rio de Janeiro, trouxe uma discussão fundamental sobre os direitos laborais no setor artístico e cultural, enfatizando a necessidade de proteção dos músicos.    
Inteligência Artificial e o Futuro dos Músicos
No segundo dia, o evento trouxe à tona um tema inovador e urgente: o impacto da inteligência artificial na indústria musical. Leonardo de Marchi, da UFRJ, e Ilana Rodrigues Jardim, do Ministério da Cultura, abordaram o impacto da tecnologia sobre a profissão musical, destacando a importância da regulamentação para garantir a sustentabilidade da carreira dos músicos.    
Igualdade de Gênero, Saúde no Trabalho e Reconhecimento Profissional
A pauta de igualdade de gênero no setor musical foi amplamente discutida durante o evento. Luciana Requião, representando o SINDMUSI - RJ, e Patrícia Rodrigues, do Movimento das Mulheres Sambistas, apresentaram iniciativas para promover a equidade e ampliar a representatividade feminina na música, enfatizando a importância de espaços mais inclusivos para as mulheres no mercado musical. No mesmo painel, o Dr. Edson Júnior, da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Difusão Cultural e Artística do Estado do Rio de Janeiro, abordou os cuidados com a saúde e segurança no trabalho, essenciais para garantir condições dignas aos músicos. Complementando as discussões, Hudson Lima, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, trouxe reflexões sobre o reconhecimento profissional e o status do artista no Brasil, reforçando a necessidade de políticas de valorização e proteção para os músicos.    
Reflexão Final e Plano de Ação
O encontro culminou com uma análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) sobre o papel dos sindicatos, conduzida por John Acosta e Benoît Machuel. Essa etapa serviu de base para a adoção de um plano de ação, visando o fortalecimento da atuação sindical em níveis estadual e federal. A declaração final sintetizou o compromisso dos representantes em melhorar as condições de trabalho e a representatividade dos músicos. Este evento marca um avanço significativo para a união dos sindicatos dos músicos no Brasil e reafirma o compromisso com a luta por condições mais justas e dignas para todos os profissionais da música.